segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Conhece-te a ti mesmo!

Após uma tentativa frustrada de iniciar um blog, deparo-me novamente com essa maravilhosa sensação de poder gritar ao mundo uma boa parte das minhas idéias. Devo confessar que recebi um estímulo inconsciente por parte de alguns amigos( leia-se Thalison e João Gabriel) para estar aqui. Agora, me pergunto incessantemente o que devo postar e é quase impossível não me remeter àquele que foi meu grande inspirador e àquele que é meu eterno companheiro de todas as horas. Falo do grande cantor e compositor Oswaldo Montenegro, em seu poema "Metade". Alguns já devem conhecê-lo, mas, aos que não ainda não tiveram o grande prazer, faço-lhes o favor de apresentar!

Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca,
porque metade de mim é o que eu grito
mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza.
Que a mulher que amo seja pra sempre amada
mesmo que distante
porque metade de mim é partida
mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
apenas respeitadas como a única coisa
que resta a um homem inundado de sentimentos
porque metade de mim é o que ouço
mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz que eu mereço.
E que essa tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada
porque metade de mim é o que penso
mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto num doce sorriso
que eu me lembro ter dado na infância
porque metade de mim é a lembrança do que fui
a outra metade não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
porque metade de mim é abrigo
mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
mesmo que ela não saiba
e que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
porque metade de mim é amor
e a outra metade também. 

Me identifico com este poema e acredito que com muitos isso também acontece. Ele me dá forças, me dá esperança, me dá alegria, me faz lembrar que a beleza das coisas está na simplicidade. Ele me faz ver que muitas vezes  podemos parecer contraditórios, mas que, na realidade, não o somos. Somos seres imensamente complexos, mas a questão é que muitas vezes nem nós mesmos  nos conhecemos profundamente.E a vida é isso, um constante descobrir-se!